Crise? Dono do Pingo Doce anuncia lucros de 590 milhões

23 de março 2023 - 13:03

O grupo Jerónimo Martins teve vendas superiores a 25 mil milhões de euros em Portugal, Polónia e Colômbia. E os lucros dispararam 27,5% no ano passado.

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Foto de Paulete Matos.

Depois de o grupo dono do Continente ter anunciado lucros de 179 milhões de euros no ano passado, foi a vez da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce e Recheio, divulgar esta quarta-feira os seus resultados financeiros do ano passado e anunciar o pagamento de dividendos aos acionistas de 0,55 euros por ação.

Apesar da crise, o grupo viu os lucros aumentarem 27,5% face a 2021, com lucros de 590 milhões de euros, que incluem os negócios não apenas em Portugal mas também na Polónia e Colômbia onde está presente com cadeias de supermercados.

Nas contas da Jerónimo Martins, o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) foi de 1419 milhões de euros, um crescimento de 20,8% face a 2021. E as vendas ascenderam a 25.385 milhões de euros, mais de dois terços faturados na Polónia pelos quase 3.400 supermercados Biedronka e a rede de parafarmácias Hebe.

Quanto às perspetivas para este ano, o líder do grupo diz que "a confiança dos consumidores está muito fragilizada" e os preços da energia estão ainda muito voláteis, pelo que "é, neste momento, ainda difícil antecipar o nível que assumirá" o esperado recuo da inflação, refere Pedro Soares dos Santos.

Em Portugal, as vendas do Pingo Doce somaram cerca de 4.500 milhões e as do Recheio 1.158 milhões de euros, o que representa face a 2021 um crescimento de 11,2% e 27,7%, respetivamente. Na Colômbia, as lojas da Ara já superaram as vendas do Recheio em Portugal.

O Governo tem sido confrontado pela esquerda com a necessidade de fixar preços dos bens essenciais, cuja responsabilidade pelos aumentos é descartada quer pelos representantes do lóbi dos hipermercados, quer por produtores e transportadores. Mas o ministro da Economia insiste que “o mercado é o melhor instrumento que temos para fixar preços”, apesar de os inúmeros processos do regulador da concorrência indiciarem o funcionamento de cartel por parte dos grandes distribuidores que dominam o mercado retalhista em Portugal.