Apesar do risco de crise financeira, BCE volta a aumentar as taxas de juro

16 de março 2023 - 20:09

Indiferente à turbulência desta semana no setor bancário europeu e dos EUA, Christine Lagarde anunciou uma subida das taxas de juro diretoras em 50 pontos-base.

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Christine Lagarde na conferência de imprensa desta quinta-feira do BCE. Foto Adrian Petty/BCE

Esta quinta-feira, o Banco Central Europeu anunciou uma subida das taxas de juro diretoras em 50 pontos-base. A taxa diretora principal subiu para 3,5% e a taxa de remuneração dos depósitos dos bancos comerciais no Eurosistema aumentou para 3%.

Apesar da falência e fecho de três bancos nos Estados Unidos e resgate do Banco Central da Suíça do Credit Suisse na madrugada desta quinta-feira, o BCE manteve o que já tinha sido anunciado na última reunião a 2 de fevereiro. Esta é a sexta ronda de aumentos desde julho do ano passado.

Joseph Stiglitz e Vítor Constâncio criticam política monetária restritiva

O prémio Nobel da Economia, Joseph E. Stiglitz, defendeu que a abordagem de combate à inflação dos bancos centrais como a Fed e o BCE está errada, tendo a subida acelerada das taxas de juro sido a grande responsável pela falência do SVB.

Explicou que esta aconteceu “não por mau crédito, mas sim porque a estrutura das taxas de juro estava a mudar (...) O que aconteceu ao SVB foi uma espécie de perturbação no nosso sistema financeiro previsível (...) o rápido e excessivo aumento das taxas de juro” provocou um “trauma ao nosso sistema económico”, “ainda maior” depois de tanto tempo com taxas perto do zero.

Acrescentou ainda a fraca supervisão dos bancos de pequena e média dimensão: “Decidiram não regular os bancos que não eram os maiores bancos. Precisamos de regulação, incluindo testes de stress, para ver se poderia haver este tipo de perturbação”.

Também Vítor Constâncio, ex-vice presidente do BCE e ex-governador do Banco de Portugal, tem apresentado uma postura crítica. Face à queda bolsista do Credit Suisse, aconselhou na véspera da reunião do BCE que o mínimo seria uma postura mais moderada. “Os Bancos Centrais não devem ignorar os sinais dos mercados e a recessão mais provável que se avizinha. Deveriam atenuar a sua trajetória de escalada. O BCE deveria fazer um máximo de 25 bps e não os anunciados 50 bps. O FED deveria também fazer apenas 25bps no próximo ano”, aconselha Constâncio.