"É espantoso que no meio de uma emergência climática a BP esteja a planear investir milhares de milhões de dólares a mais em combustíveis fósseis que aquecem o planeta do que em energias renováveis e limpas", afirmou ao Guardian Mike Childs, da ONG Friends of the Earth. "Onde gastam o dinheiro diz muito sobre as suas prioridades", acrecsentou o ambientalista.
Segundo o diário britânico, a BP pretende gastar cerca do dobro (até 7,5 mil milhões de euros) em investimentos no petróleo e gás do que em energia verde (3 a 5 mil milhões) no próximo ano, uma tendência que quer manter até ao final da década.
O aumento do preço do gás permitiu à empresa apresentar lucros recorde, mas quando o governo ameaçou aplicar uma taxa sobre lucros extraordinários, esta e outras petrolíferas responderam que isso iria afetar o investimento em energias limpas. A taxa acabou por ser aplicada pelo atual Governo às empresas que operam no Mar do Norte, mas construída de tal maneira que incentiva o investimento em novos projetos de petróleo e gás, pondo ainda mais em risco as metas climáticas internacionais de limitar o aumento da temperatura média a 1,5°C até ao fim do século em relação à época pré-industrial.
"O Governo tem de deixar de pactuar com os gigantes dos combustíveis fósseis através desta 'windfall tax' enfraquecida", afirma Mike Childs, defendendo que a taxa tem de ser aumentada e os alçapões legais que incentivam novos infestimentos fósseis devem ser fechados. "Mais gás e petróleo só levarão a mais ondas de calor, incêndios devastadores, cheias e tempestades com as que assistimos em 2022", conclui o ambientalista.
