A procura das Áreas Dedicadas a Doentes Respiratórios (ADR), aumenta quase ao ritmo dos casos de covid-19, leva a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar a alertar para o “caos absoluto” nos centros de saúde. As áreas ADR são destinadas à avaliação clínica dos doentes com suspeição de infeção respiratória aguda, incluindo covid-19.
Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, explica: “O que se passa neste momento é que temos muitos casos a aparecer todos os dias, muitos deles com sintomas que exigem observação presencial e, portanto, aumenta muito a afluência aos ADR”.
Há muito que são necessários mais profissionais
E acrescenta: “Os ADR da comunidade continuam a funcionar, na esmagadora maioria dos casos, só com os médicos, os enfermeiros e os administrativos dos centros de saúde e isso faz com que das duas uma: ou nós estamos nos centros de saúde a ver todos os outros doentes não-covid, que continuam a precisar dos nossos cuidados, ou literalmente abandonamos estes doentes e vamos para os ADR”.
“Não dá para fazer omeletes sem ovos, nem nós conseguimos estar em dois sítios ao mesmo tempo”, afirma o médico de saúde pública, adiantando que os serviços estão a tentar responder a “um aumento enorme” do número de casos de covid-19 com a mesma resposta que usavam quando tinham 600 ou 700 casos por dia.
Nuno Jacinto realça que “há muito tempo” que são necessários “mais profissionais e equipas dedicadas para esta função, porque de contrário a manta tapa de um lado e destapa do outro e, neste momento, já começa a destapar dos dois”.
Centros de Saúde nunca pararam atividade
O presidente da associação de medicina geral e familiar destaca que os centros de saúde nunca pararam a atividade e alerta “com todas estas atividades, com profissionais que também ficam em isolamento, com os centros de vacinação, com os ADR, com os telefonemas do Trace-covid, cada vez há mais doentes positivos que têm de ser vigiados e essa tarefa continua a ser nossa, e nunca mais se resolve também esta questão, o tempo disponível para os doentes não-covid é cada vez mais reduzido”.
Nuno Jacinto frisa ainda que esta situação “não pode de todo ser imputada nem aos médicos, nem aos enfermeiros, nem aos administrativos dos centros de saúde”.