EUA aumentam gastos militares

28 de dezembro 2021 - 18:16

A ala mais à esquerda dos democratas propunha cortes mas o acordo da cúpula do partido com os republicanos ditou um desfecho inverso. O aumento de despesas militares é justificado com a competição militarista com a China e a Rússia.

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Joe Biden. Foto de U.S. Department of the Interior/Flickr.
Joe Biden. Foto de U.S. Department of the Interior/Flickr.

O presidente norte-americano Joe Biden promulgou a Lei de Autorização de Defesa Nacional que prevê gastos de “defesa” na ordem dos 680 mil milhões de euros. Isto constitui um aumento de 5% em despesas militares relativamente ao ano anterior.

Esta lei tinha sido alvo de intensas negociações entre democratas e republicanos no Congresso que culminaram no início do mês com a sua aprovação no Senado com 89 votos a favor e 10 contra. Delas resultou um aumento de 22 mil milhões de euros de gastos, justificado por ambos os partidos devido à necessidade de não perder terreno na competição militarista com a China e a Rússia.

Assim, por exemplo, 6,3 mil milhões de euros serão gastos na Iniciativa de Dissuasão no Pacífico, um plano dos EUA pensado para tentar contrariar o crescimento da influência da China na região. Também visando este país, há medidas destinadas a proibir a entrada de bens que sejam considerados como tendo sido produzido por trabalho forçado de elementos da minoria Uigur. E para a Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia, pensada como forma de apoio a este país contra a Rússia, estão destinados 264 milhões de euros. Também a Iniciativa para a Defesa da Europa contará com 3,5 mil milhões de euros.

A ala mais à esquerda do Partido Democrata propunha uma redução do orçamento para este tipo de despesas militares.

Segundo a agência norte-americana Associated Press, ambos os lados cantaram vitória relativamente a alguns pontos da nova lei, os democratas saudando que a investigação de crimes sexuais deixará de estar sob jurisdição dos comandantes militares, os republicanos que por sua iniciativa se bloqueou a inclusão de mulheres no sistema de recrutamento e se proibiu demissões desonrosas para os militares que recusem a vacina contra a Covid-19.

O projeto inicial previa ainda voltar a limitar o poder presidencial de usar força contra potenciais inimigos. Esta ideia foi retirada da versão final do documento. Na sequência do 11 de setembro de 2001, parte dos poderes de uso de força, que constitucionalmente pertencem ao Congresso, foram transferidos para a presidência como medida de urgência. Vinte anos vão continuar nas mãos do presidente.