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Sem reforço do SNS, medidas de combate à pandemia "vão falhar no que é essencial"

No final da reunião com o Sindicato Independente dos Médicos, Catarina Martins afirmou que “não podemos exigir tudo ao SNS e aos seus profissionais e depois não lhe dar condições para trabalhar”.
Reunião com o SIM - Foto de Andreia Quartau

Em declarações à saída da reunião com o Sindicato Independente Médicos (SIM), Catarina Martins começou por referir que “o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma prioridade para o Bloco de Esquerda” e enumerou algumas das suas preocupações.

Uma mais estrutural deve-se ao facto de o SNS estar a perder muitos profissionais, já que “as novas contratações não são capazes de colmatar a falta que fazem estes profissionais”, referiu Catarina Martins, que a considera como “uma situação particularmente grave”.

A coordenadora bloquista alertou que “temos muitos médicos a trabalhar no privado ou está a aumentar também o número de médicos que escolhem trabalhar fora do país”, acrescentando que “temos mais de um milhão de pessoas sem médico de família”.

Os cuidados hospitalares são outros dos motivos de preocupação do Bloco, sobretudo com as recentes demissões nos hospitais e “é por isso que temos dito que a prioridade das prioridades do SNS tem de ser fixar os seus profissionais de saúde, a degradação das carreiras dos profissionais tem levado a que, simplesmente, optem por sair”.

“Não podemos exigir tudo ao SNS e aos seus profissionais e depois não lhe dar condições para trabalhar”, sublinhou a coordenadora do Bloco.

Catarina Martins chamou a atenção para os cuidados primários porque acredita que “não tem havido a atenção suficiente do país para o que se está a passar”. Os médicos de família têm sido destacados para os serviços de vacinação e para os serviços relacionados com os doentes covid que não precisam de internamento, portanto os cuidados primários de saúde “estão com tarefas a mais e gente a menos”.

O Bloco já tinha alertado para esta degradação durante a negociação do Orçamento de Estado para 2022 quando exigiu que se revisse a questão das carreiras dos profissionais de saúde “porque sabíamos que não podíamos continuar a perder gente no SNS”, vincou Catarina, alertando que “continuamos a recorrer a prestadores de serviços para urgências, para resolver alguns problemas agudos que se colocam no SNS”.

“Se as medidas para o momento que estamos a viver forem só medidas de responsabilidade individual perante as pessoas, que as devem ter, mas que numa população que já está vacinada, não tiver em conta a necessidade de reforçar o SNS, as medidas vão falhar no que é essencial”, disse Catarina Martins.

“Seria falhar ao essencial se amanhã estivéssemos apenas a discutir máscaras e testes e não houvesse medidas sobre o SNS, sobre a sua capacidade e sobre a fixação de profissionais”, reforçou a coordenadora bloquista.

Jorge Roque da Cunha: “Quando a propaganda se confronta com a realidade, a realidade ganha sempre"

Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM, afirmou que “a incapacidade que o Governo mostrou em sequer reconhecer que temos um problema sério de recursos humanos, apesar dos avisos que foram feitos, tem sido uma das razões para que o problema não seja resolvido”.

O dirigente sindical acredita que “quando a propaganda se confronta com a realidade, a realidade ganha sempre. Quando é dito no Parlamento que foram contratados 3 mil novos médicos na semana passada e todos os dias vemos as dificuldades do SNS. Não basta dizer que se contratam médicos quando nós sabemos que não são contratados”, acrescentou.

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