Diretor do FMI afirma que resgate grego serviu para “salvar bancos franceses e alemães”

04 de março 2015 - 15:02

O economista Paulo Nogueira Batista Jr sublinhou que “a troika deve respeitar a soberania” da Grécia e defendeu que “a solução para a crise deve incluir a reestruturação da dívida grega nas mãos dos credores oficiais europeus”.

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Foto da página de facebook de Paulo Nogueira Batista Jr.

Paulo Nogueira Batista Jr, um dos 24 membros do Conselho Executivo do FMI, criticou esta terça-feira, durante uma entrevista à estação de televisão privada Alpha TV, a “forma como a questão grega tem vindo a ser tratada pela troika e inclusive pelo FMI”, que “colocaram demasiado peso sobre a Grécia e não colocaram peso suficiente sobre os seus credores”.

“Por exemplo, o programa de assistência firmado em 2010 foi apresentado como um programa de resgate para a Grécia, quando, na verdade, foi mais um resgate dos credores privados do país”, como os bancos franceses e alemães, que não contribuíram de forma alguma “para a reestruturação da economia grega”, avançou o economista brasileiro.

Na sua opinião, “a dívida é demasiado extensa e a solução para a crise deve incluir a reestruturação da dívida grega nas mãos dos credores oficiais europeus”, sendo que o governo de Alexis Tsipras deve negociar directamente com o FMI.

Paulo Nogueira Batista Jr defendeu, por outro lado, que “ troika deve respeitar a soberania da nação grega” e que “os parceiros europeus não podem comportar-se como se as eleições não tivessem acontecido”.

Para o economista brasileiro, o FMI não pode exigir que o novo governo fique preso aos acordos firmados com os anteriores executivos e deve ter em conta que “os objetivos do ajustamento fiscal e dos excedentes primários do setor público grego têm de ser substancialmente revistos em baixa”.