"Salário Mínimo vale hoje menos 50 euros que em 1974"

06 de setembro 2014 - 20:42

O Bloco não está disposto a “continuar a assistir aos malabarismos eleitoralistas do Governo” e irá “confrontar a maioria de direita” com uma proposta de atualização do salário mínimo nacional para 545 euros, garantiu João Semedo após a reunião da Mesa Nacional. Os bloquistas recusam reprivatização do BES e reivindicam que o Novo Banco seja “um novo banco público".

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Foto de João Semedo.

“O Salário Mínimo Nacional (SMN) vale hoje menos 50 euros do que em 1974 quando foi criado, há cerca de meio milhão de portugueses que recebem o SMN, o SMN não é atualizado há mais de três anos. São todas estas razões que nos levam a querer acabar com esta situação a levar este assinto à Assembleia da República”, avançou o coordenador nacional do Bloco de Esquerda no final de uma reunião da Mesa Nacional.

Lembrando que "o salário mínimo em Portugal é o mais baixo da União Europeia", João Semedo salientou que os bloquistas não estão dispostos a “continuar a assistir aos malabarismos eleitoralistas do Governo” e que irão “confrontar a maioria de direita e toda a Assembleia da República com uma proposta de aumento”.

A medida será discutida no dia 25 de setembro na Assembleia da República.

BPN: Bloco quer que Novo Banco seja um novo banco público

Durante a reunião da Mesa Nacional foi ainda discutida a questão do BES e do Novo Banco, tendo João Semedo feito referência ao "desnorte estratégico" vivido entre Governo e Banco de Portugal e a administração do Novo Banco.

"Enquanto Governo e Banco de Portugal, prometem, desejam e trabalham para uma venda rápida, imediata, tão rápida e pronta quanto possível, o presidente do conselho de administração do Novo Banco, Vítor Bento, diz exatamente o contrário", avançou o dirigente bloquista.

Segundo o Bloco, um mês depois da resolução do BES e criação do Novo Banco, "as incongruências e as fragilidades da proposta do Banco de Portugal e do Governo são cada vez mais evidentes e os riscos para os contribuintes, os riscos para a despesa pública, são maiores".

"A realidade é que o banco perde todos os dias valor e quanto mais valor perde, maior é o risco para a despesa pública e para os contribuintes e, por isso, o Bloco insiste na sua proposta. A proposta é simples: recusamos reprivatização do banco, queremos que o Novo Banco seja um novo banco, mas seja um novo banco público", defendeu.

Apelo da ministra das Finanças “é tardio e não é para levar a sério”

Questionado pelos jornalistas sobre o apelo da ministra das Finanças, durante a Universidade de Verão do PSD, para debater a dívida, João Semedo afirmou que o mesmo é "tardio e não é para levar a sério".

"Nós não temos feito outra coisa de há três anos que não seja apresentar sucessivas propostas relativamente a reestruturação da dívida, o Governo é que está fanática e obsessivamente agarrado a satisfazer os credores", referiu o coordenador do Bloco.

“Esse apelo é tardio e não é para levar a sério. O Governo há muito tempo que definiu uma política, que é impor a austeridade aos país, empobrecer o país, as pessoas, as famílias, a sua economia, para pagar uma dívida de acordo com a vontade exclusiva dos credores", acrescentou.

João Semedo sublinhou ainda que este convite serve “apenas para encenar uma política de diálogo a que estes Governo é completamente alheio".

Sobre a possibilidade avançada por Maria Luís Albuquerque de uma eventual futura descida de impostos, o dirigente bloquista adiantou que “não há país da União Europeia em que os impostos tenham crescido tanto e tão depressa”. “Foi o maior aumento de impostos da história do país, não me venham falar de baixa de impostos", destacou.

Próxima Mesa Nacional do Bloco terá "paridade absoluta"

Na reunião da Mesa Nacional do Bloco que teve lugar este sábado foi aprovado o regulamento da IX Convenção, agendada para 22 e 23 de novembro. O documento prevê que a próxima Mesa Nacional tenha "paridade absoluta" entre homens e mulheres, com 50 por cento de elementos de cada género, anunciou o coordenador bloquista.

"O Bloco de Esquerda tem tido na matéria de género um papel muito ativo, e decidimos dar esse passo", destacou.

João Semedo revelou ainda que a próxima Convenção "será a mais participada" de sempre nos 15 anos de existência do Bloco.

Aceda aqui à resolução aprovada na Mesa Nacional de 6 de setembro.