“É este o momento de parar este Governo”

17 de abril 2013 - 0:33

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusou esta terça feira o Governo de ter “uma agenda ideológica fanática de destruição do Estado Social” e de utilizar a dívida “como uma chantagem para impor uma política de empobrecimento ao país”.

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Foto de Paulete Matos (recortada).

À margem da conferência "Dívida Nacional: Desconstrução da narrativa instituída", que teve lugar esta terça feira na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior (UBI), a deputada do Bloco adiantou que, “quando nós olhamos para os números, vemos que a única coisa que, em Portugal, cresce mais do que o desemprego é a dívida”. “São hoje mais de 200 mil milhões de euros de dívida quando nos disseram que todos os sacrifícios eram para reduzir esta dívida”, sublinhou.

“Depois de o Governo ter criado um desemprego que não tem paralelo na história da nossa democracia, com a falência das pequenas e médias empresas todos os dias, com uma economia paralisada em que nem as exportações são já solução para o país, o Governo prepara-se agora para uma segunda ofensiva também com a desculpa da dívida e que também só vai agravar a dívida”, lamentou a dirigente bloquista.

Segundo Catarina Martins, esta nova ofensiva contra o Estado Social, que se traduzirá em mais despedimentos, mais desemprego, na rutura dos serviços públicos, e que, na prática, significa pagar mais impostos, terá “resultados ainda mais catastróficos do que aqueles a que assistimos até ao momento”.

“Ainda que o Governo nos tente convencer de que não há nada a fazer senão cortar no Estado Social, não nos enganemos: despedimentos massivos na Função Pública são desemprego no país. Cortes na Saúde, na Educação, na Segurança Social representam mais fragilização para toda a população portuguesa”, salientou.

Relembrando que o Governo tem utilizado uma estratégia de chantagem e de culpabilização do Tribunal Constitucional pela nova vaga de austeridade, a coordenadora do Bloco frisou que “os erros de Vítor Gaspar no Orçamento do Estado do ano passado custaram ao país três vezes mais do que custa agora cumprir a Constituição”.

“Aquilo que sabemos é que o Governo tem uma agenda ideológica fanática de destruição do Estado Social e utiliza a dívida como desculpa para impor essa destruição, mas que, na realidade, o resultado é sempre um país mais pobre e uma dívida que aumenta. E é, por isso, este o momento em que é preciso parar este governo”, defendeu Catarina Martins.

Relativamente à previsão de recessão para este ano na Zona Euro, avançada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a dirigente bloquista adiantou que esta é a prova de que é necessária "uma alteração completa das políticas".

"As políticas de austeridade só empobrecem e países que empobrecem não têm nenhuma solução para a sua economia", referiu Catarina Martins, salientando que os dados divulgados pelo FMI comprovam o que o Bloco tem "vindo a dizer este tempo todo", ou seja, "matar os mercados internos mata também a possibilidade de exportação de outros países: é uma espiral recessiva à escala europeia", sendo que "só uma alteração completa das políticas" pode afastar a crise.

Questionada sobre a "tentativa de encontro entre Passos Coelho e António José Seguro", Catarina Martins afirmou que não comenta “nem romances epistolares nem o que possa surgir depois desses romances”.