Gestor da dívida pública ganha o dobro do primeiro-ministro

10 de abril 2013 - 15:14

Dias antes de Vítor Gaspar ter congelado as despesas da administração pública, o Governo fez outro despacho que permite ao jovem presidente do IGCP ganhar mais do dobro do salário de Passos Coelho. Os dois vogais da sua administração também ficam a ganhar mais que o salário fixado para o Presidente da República. A decisão teve o aval do CDS, que na oposição propunha impedir salários acima do PR.

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Moreira Rato passa a ganhar 10 mil euros, com retroativos desde setembro. Foto de João Relvas/Lusa.

Aos 42 anos, o presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público tem direito a uma remuneração mensal até 10 mil euros. João Moreira Rato, que tem no currículo a passagem pelos bancos que estiveram na origem da crise financeira global -  Goldman Sachs, Lehman Brothers e Morgan Stanley - dirige agora a gestão da dívida pública portuguesa e viu o despacho do Ministério das Finanças assegurar os retroativos do salário milionário desde setembro do ano passado.

A par de Moreira Rato, também os vogais da administração do IGCP terão direito a remunerações superiores à do primeiro-ministro e do Presidente da República, embora Cavaco Silva, logo após ter sido reeleito, tenha abdicado do salário de 6523 euros mensais para poder receber as suas pensões que totalizam cerca de 10 mil euros por mês, dado que a nova lei impedia o Presidente de continuar a acumular os dois vencimentos.

Assim, a economista Cristina Casalinho, com 45 anos e carreira feita no BPI, passa a receber cerca de 7000 euros por mês e António Pontes Correia, o mais velho dos três administradores e que já conta com 30 anos de carreira na direção do crédito público, tem uma remuneração de quase 8000 euros.

 

Na oposição, CDS propôs limitar salário dos gestores públicos

A limitação dos salários dos gestores públicos foi tema de debate na Assembleia da República nos últimos meses do Governo de José Sócrates. O Bloco de Esquerda propôs que essas remunerações tivessem como teto o salário do Presidente da República, no que foi acompanhado por uma proposta semelhante do CDS.

Uma vez no Governo, o partido de Paulo Portas faz o contrário do que propunha na oposição, dando o aval à proliferação dos salários milionários pagos aos administradores nomeados por convite dos partidos da coligação no Governo.