União bancária: Monstro burocrático que serve a finança e afasta os cidadãos

16 de abril 2014 - 22:46

“Um pouco mais do mesmo, desta vez com supervisão a cargo da instituição não democrática mais poderosa do mundo”, tal é o resumo da União Bancária produzida pelas instituições europeias feito pela eurodeputada Marisa Matias em conferência de imprensa do GUE/NGL.

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Marisa Matias sublinha que este mecanismo transformou o BCE “na instituição não democrática mais poderosa do mundo, sem nenhuma que se lhe compare”

O mecanismo, que os serviços da Comissão Europeia sentiram necessidade de desenhar em gráfico para os próprios membros da Comissão parlamentar de Assuntos Económicos e Monetários - afinal mais uma retorcida teia burocrática produzida em Bruxelas - é fácil de definir, segundo a eurodeputada do Bloco de Esquerda: “as decisões tomadas são as que afastam os cidadãos da capacidade de decidir sobre as suas vidas; as decisões proteladas são as que colocam os custos das dificuldades da banca nas contas do setor financeiro e não dos contribuintes”.

Marisa Matias explicou a tão apregoada União Bancária, apresentada por Bruxelas como “um passo gigantesco na construção da União Europeia e a solução para todos os males que enfrentamos”, durante uma conferência de imprensa promovida pelo GUE/NGL no âmbito da sessão plenária parlamentar desta semana em Estrasburgo.

A complexidade do mecanismo é grande, olhando o gráfico elaborado pelos serviços da Comissão Europeia e mostrado por Marisa Matias. Há os países que não são membros do euro e não ficam sob o mecanismo de supervisão bancária; há países que não são membros do euro mas ficam sob o mecanismo de supervisão; há a Zona Euro; e há as instituições europeias.

No entanto, sublinhou a eurodeputada do Bloco de Esquerda, a promessa de União Bancária é simples de resumir, “chega com muitos anos de atraso e, sobretudo, não resolve os problemas sistémicos”.

Acresce que este mecanismo transformou o Banco Central Europeu (BCE) “na instituição não democrática mais poderosa do mundo, sem nenhuma que se lhe compare”; e, apesar disso, “não corrige nenhuma das deficiências da arquitetura da Zona Euro”.

Como se não bastasse, sublinhou Marisa Matias, estamos perante um instrumento “que não só não põe a finança em ordem, como foi prometido no início da crise, como ainda não começou a por a finança em ordem”.

A única “boa notícia” do processo, segundo a eurodeputada, a criação do fundo de resolução bancária para que seja o sector financeiro a sustentar a salvação dos bancos em dificuldades, vai fazer-se esperar por mais oito anos.

Isto é, assinalou Marisa Matias, “as reformas que poderiam transformar a Zona Euro e a União Europeia em projectos viáveis continuam a ser sistematicamente proteladas”; e as decisões tomadas são “as que afastam os cidadãos da capacidade de decidir sobre as suas vidas”.

Artigo publicado no portal do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu