Cem mil contra a austeridade em Paris

12 de abril 2014 - 19:22

Frente de Esquerda (FG), Novo Partido Anticapitalista (NPA), Alexis Tsipras, candidato da Esquerda à Presidência da Comissão Europeia, muitas associações e federações sindicais deram uma demonstração de força diante do novo governo de Manuel Valls. Um dirigente do PSF esteve presente. Alda Sousa e Marisa Matias também participaram na marcha, “porque a austeridade passou a ser a regra da política em toda a Europa”.

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Jean-Luc Mélenchon, Alexis Tsipras e Pierre Laurent na primeira linha da marcha. Twitfoto de Sophie de Ravinel
Jean-Luc Mélenchon, Alexis Tsipras e Pierre Laurent na primeira linha da marcha. Twitfoto de Sophie de Ravinel

Cerca de cem mil pessoas, segundo os organizadores, manifestaram-se em Paris contra a austeridade e a política do governo, seguindo a convocatória da Frente de Esquerda (FG), do Novo Partido Anticapitalista (NPA), de um coletivo de associações e de muitas federações sindicais.

Na frente da manifestação estavam Alexis Tsipras, do Syriza da Grécia, candidato da Esquerda à Presidência da Comissão Europeia, Jean-Luc Mélenchon, do Parti de Gauche, Pierre Laurent, do PCF e presidente do Partido da Esquerda Europeia, e Olivier Besancenot, do NPA. Estava presente também um membro do bureau político do Partido Socialista, o eurodeputado Liêm Hoang Ngoc, e diversos dirigentes do EELV (Europa Ecologia – Os Verdes) que contrariaram a decisão da direção do partido de não comparecer.

[caption align="left"]Marisa Matias e Alda Sousa na manifestaçãoMarisa Matias e Alda Sousa na manifestação[/caption]

Do Bloco de Esquerda de Portugal participaram as eurodeputadas Marisa Matias e Alda Sousa.

A direção da CGT não convocou a marcha, mas muitas das suas federações e uniões deram-lhe apoio e participaram.

“Quando se é de esquerda, taxa-se a banca”

“Hollande, chega!”, podia ler-se numa faixa que cobria a estátua da liberdade. Outras faixas diziam: “Quando se é de esquerda, está-se ao lado dos assalariados”; ou “Quando se é de esquerda, taxa-se a banca”.

Para Jean-Luc Mélenchon, a manifestação enviou uma mensagem ao governo: “Há uma esquerda neste país e não é aceitável que ela seja usurpada para aplicar uma política de direita no plano económico.”

Olivier Besancenot, do NPA, destacou a importância desta jornada: “A mensagem é clara, Manuel Valls já está diante de uma manifestação e isso quer dizer que está a abrir-se um novo ciclo político”.

Para Marie-George Buffet, deputada do PCF, esta foi uma manifestação contra as políticas de austeridade do governo de Manuel Valls e de outro governos de direita da Europa, são políticas que provocam um desemprego de massa e a uma perda do poder de compra.”

O eurodeputado socialista Liêm Hoang Ngoc justificou assim a sua presença: "Hollande enganou-se de primeiro-ministro e impõe-nos uma viragem que não foi discutida, há uma grande inquietação na ala esquerda do PS, precisamos de um congresso extraordinário para clarificar a linha política.”

A cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias manifestou também solidariedade à “verdadeira esquerda” francesa e à sua denúncia do novo primeiro-ministro Manuel Valls.

Marisa Matias: “austeridade passou a ser a regra”

Por telefone, Marisa Matias disse ao Esquerda.net que a presença das eurodeputadas do Bloco de Esquerda português justificou-se “porque a austeridade passou a ser a regra da política em toda a Europa”. A cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias manifestou também solidariedade à “verdadeira esquerda” francesa e à sua denúncia do novo primeiro-ministro Manuel Valls, cuja nomeação por parte do presidente François Hollande “significa um encostar do PS à direita”.

Marisa Matias manifestou ainda o desejo de que esta manifestação e a união conseguida em torno dela tenha como resultado que esta “verdadeira esquerda” possa ter uma expressão nas próximas eleições superior à do PSF.

Marisa Matias e Alda Sousa na manifestação