Governo ocultou dados “para continuar a insistir na política de redução dos salários"

29 de agosto 2013 - 0:05

Esta quarta feira, o coordenador nacional do Bloco de Esquerda, João Semedo, lembrou que se tem vindo a registar em Portugal "uma quebra muito acentuada nos salários" e acusou o Governo de “esconder isso para continuar a insistir na política de redução dos salários”. Bloco requereu "todos os elementos enviados ao FMI no decurso do trabalho que estava a ser realizado".

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Foto de Paulete Matos.

Referindo-se ao facto de os dados facultados pelo Governo à troika no âmbito do relatório da sétima avaliação do memorando esconderem dois terços dos cortes salariais efetuados no ano passado (ler Governo escondeu cortes salariais ao FMI), João Semedo afirmou que esta “é mais uma trapalhada do Governo, mas que não é inocente”.

“O Governo não se enganou, não errou. Entregou dados parciais que induzem em erro sobre a evolução do trabalho em Portugal", sublinhou o dirigente bloquista, lembrando que se verifica em Portugal "uma quebra muito acentuada nos salários" e que "o Governo quis esconder isso para continuar a insistir na política de redução dos salários".

"Não nos parece natural que um Governo, que tem ao seu dispor toda a informação estatística para prestar informações corretas, dê uma informação que não só é parcial como desenquadrada da realidade", avançou.

João Semedo informou que o Bloco enviou um requerimento ao governo PSD/CDS-PP onde requere "todos os elementos enviados ao FMI no decurso do trabalho que estava a ser realizado".

Governo assume que avaliações da troika são feitas com base em "dados parciais"

Esta quarta feira, o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social veio, em comunicado, referir que, "no caso dos dados fornecidos ao FMI [Fundo Monetário Internacional], estes corresponderam exatamente ao que foi solicitado por esta entidade", acrescentando que "os dados que foram pedidos são apenas um subgrupo da informação completa (...) são dados parciais".

“As análises e conclusões que são feitas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores", lê-se ainda no documento.

Já o FMI explicou, segundo adiantou o Jornal de Negócios, que se limitou a utilizar os dados facultados pelo executivo.