Durante uma conferência sobre privacidade na era da vigilância, organizada pelo Center for Democracy and Technology (CDT) na Universidade de Arizona, o politólogo Noam Chomsky afirmou que “a população do país é o principal inimigo, o Governo guarda segredos ao seu próprio povo e não quer que as pessoas saibam o que está a fazer”.
Durante o encontro, que contou também com a participação de Edward Snowden (via satélite a partir da Rússia) e Glenn Greenwald, Chomsky, citado pela Radio Macondo, também alertou para o facto de os meios de comunicação britânicos e dos EUA tentarem condicionar a população, sublinhando que os cidadãos devem prestar “muita atenção” à forma como os media apresentam as notícias.
O filósofo e linguista assinalou que, no chamado mundo “livre”, as ideias impopulares podem ser suprimidas sem o recurso à força, na medida em que os media são, muitas vezes, detidos por homens ricos e influentes que têm todo o interesse em não permitir a circulação de determinadas ideias.
O politólogo defendeu ainda que as operações militares e políticas norte americanas na sua “guerra contra o terrorismo”, lançadas após os ataques de setembro de 2001, não só entraram no jogo de Osama bin Laden, como a única coisa que conseguiram foi propagar os movimentos terroristas por todo mundo.
Ao afirmar que a “guerra contra o terrorismo só expande o terror”, Noam Chomsky assinalou que o objetivo atual dos grupos terroristas da al-Qaeda e Estado Islâmico (Daesh) passa por “destruir as nossas próprias sociedades” e entrar numa guerra “com o mundo muçulmano”.
O linguista lembrou que, há 15 anos, “o terrorismo se limitava a uma pequena zona tribal do Afeganistão e Paquistão”, e que, entretanto, se expandiu a vários outros países do mundo, realidade para a qual a intervenção do Iraque, por exemplo, deu um enorme contributo.
No final da sua intervenção, Noam Chomsky defendeu que o que Edward Snowden e Glenn Greenwald têm feito é muito importante para a democracia, e que devem ser elogiados por isso.