Seminário

Novos dispositivos de cuidado em Saúde Mental no Brasil

Alexandre Semeraro

Lucimar Coneglian

16 de fevereiro de 2016, 17h00

Sala 1, CES-Coimbra

Moderação: Sílvia Portugal (CES)


a) Apontamentos e narrativas do processo-movimento do Consultório de Rua: conversações sobre a ética do cuidado em saúde por
Alexandre Semeraro

Resumo: Este trabalho é o esforço de uma rememoração do processo e dos movimentos percorridos durante a implantação do Consultório de Rua, na cidade de Fortaleza – Ceará – Brasil, durante os anos de 2010 e 2011. É a produção de um pensamento analítico crítico em torno da temática da ética do cuidado em Saúde. É percorrido a partir de quatro narrativas fomentadas e advindas de situações vividas em campo, juntamente, com a equipe do Consultório de Rua, onde são considerados os conceitos de demanda, acolhimento, aproximação, vínculo, estética da existência e redução de danos. Também, apresenta relatos de tempos de agora, isto é, de depoimentos e de impressões da gestão e da assessoria técnica do CR (passado) e de informações da gestão atual (presente) sobre a continuidade. Desse modo, esses apontamentos se desdobram em devires de práticas e de produção do cuidado, principalmente, as crianças e aos adolescentes em situação circular de rua.


b) (Des) Encontros da Cidadania  e do Cuidado em Saúdel Mental no Contexto da Reforma Psiquiátrica Barsileira por Lucimar Coneglian

Resumo: Historicamente o tratamento para as pessoas com transtorno mental esteve vinculado ao processo de exclusão social, através da hospitalização e da negação da pessoa enquanto sujeito de desejos e de direitos. A Reforma Psiquiátrica brasileira, que carrega em seu bojo uma concepção de tratamento inclusivo, propondo a desinstitucionalização para além da desospitalização, tem como núcleo duro de seus pressupostos o resgate da cidadania desses sujeitos. Desinstitucionalizar implica, mais do que aplicação de técnicas terapêuticas, a construção de possibilidades de existência e o aumento da contratualidade da pessoa com transtorno mental. Na organização de serviços coesos com os princípios da Reforma Psiquiátricas, iniciados em seus primórdios nos anos de 1970 até os atuais, diferentes serviços  extramuros foram implantados no Brasil. Um que merece destaque são os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS. O cuidado nesses novos dispositivos exige outra epistemologia, onde a doença é secundarizada para dar visibilidade à pessoa que adoece. Mas como estão se configurando, enquanto constructo teórico e prático, os sentidos e os significados da cidadania para as pessoas com transtorno mentais acompanhadas em dispositivos como os CAPS?  Essa apresentação será pautada pelos meus estudos de doutoramento, em andamento, que têm foco na temática da cidadania da pessoa com transtorno mental e também pela minha experiência profissional de trabalho em um CAPS no sul do Brasil. 


Notas biográficas

Alexandre Semeraro. É Psicólogo e Professor Visitante da Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará / ESP-CE. Cursa Doutoramento em Saúde Coletiva Instituto de Ensino Superior Associação Ampla - Universidade Estadual do Ceará /UECE - Universidade Federal do Ceará / UFC - Universidade de Fortaleza / UNIFOR. Atualmente em Doutoramento Sanduíche CAPES - Centro de Estudos Sociais / Universidade de Coimbra / UC. É Graduado em Letras e Mestre em Filosofia - Universidade Federal do Ceará / UFC.
Algumas Experiências em Saúde Mental: Orientador do Projeto Caminhos do Cuidado (FioCruz e Hospital Nossa Senhora da Conceição); Psicólogo em Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas - CAPS AD; Supervisor Clínico Institucional do CAPS AD, da Secretaria Regional VI, em Fortaleza e Supervisor da equipe do Consultório de Rua, de Fortaleza.
Atualmente, investiga o tema da Ética do Cuidado em Saúde, Estética da Existência e Narrativa, envolvendo crianças e adolescentes em situação circular de rua.

Lucimar Coneglian. Graduada em Psicologia é atualmente aluna do doutorado em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa/Paraná/Brasil. Em período de estudos no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, como bolsista CAPES. Atuação na área de saúde pública, com ênfase na atenção básica de saúde e Centros de Atenção Psicossocial, com pesquisas nas áreas de saúde coletiva, saúde mental, reforma psiquiátrica e CAPS.