“Previsões económicas desmentem o otimismo fantasioso do primeiro-ministro"

20 de janeiro 2013 - 18:05

O coordenador do Bloco de Esquerda disse neste domingo no Funchal que "todas as previsões feitas seja por quem for e nomeadamente as últimas do Banco Portugal (...) desmentem o otimismo fantasioso do primeiro-ministro". João Semedo disse também que o Bloco espera que da convergência com outros partidos possa resultar uma candidatura que tenha possibilidades de disputar a Câmara do Funchal.

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"Todas as previsões feitas (...) desmentem o otimismo fantasioso do primeiro-ministro", afirmou João Semedo - Foto de Manuel de Almeida/Lusa

João Semedo esteve neste domingo numa sessão pública no Funchal, que contou também com a presença de Roberto Almada, coordenador do Bloco Madeira.

Em declarações à comunicação social, João Semedo afirmou:

"Todas as previsões feitas seja por quem for e nomeadamente as últimas do Banco Portugal são muito más notícias para o Governo, são um balde de água fria, desmentem o otimismo fantasioso do primeiro-ministro".

O coordenador nacional do Bloco de Esquerda salientou que "a austeridade que se impôs aos portugueses é recessiva porque a recessão impõe mais austeridade".

Segundo a Lusa, João Semedo avisou que "se 2012 foi um ano de muitos sacrifícios e de muitas dificuldades, 2013 vai ser um ano ainda mais difícil pelo enorme aumento de impostos".

"O Governo tem feito uma campanha intensa contra o Estado social, é uma campanha de mentiras e de falsificações, o Estado social não é caro, não é gigante, não é ineficaz e não é um luxo, bem pelo contrário", frisou, sublinhando: "Nós temos dos melhores serviços de educação públicos, dos melhores serviços nacionais de saúde e, quer a despesa pública em saúde, quer a despesa pública com a educação são abaixo da média da União Europeia e, por outro lado, quando se fala dos salários dos trabalhadores da função pública é preciso dizer que o peso é 10,4% do PIB [Produto Interno Bruto], muito abaixo da média europeia. Na Dinamarca é 18,4 por cento do PIB".

João Semedo realçou ainda que o Bloco tem apresentado "muitas propostas para melhorar, para modernizar os serviços públicos e o Estado social mas nós não confundimos o progresso e a modernização do Estado social com a sua destruição".

O coordenador nacional do Bloco defendeu que é necessário "romper e renunciar ao acordo com a 'troika'".

"A única medida que nós conhecemos que não é recessiva é cortar os juros que pagamos à troika, é cortar nos juros que pagamos aos credores e é renegociar a divida, só assim o país poderá sair da crise", salientou.

João Semedo disse ainda que "o PS faz um equilíbrio político muito difícil, tem um pé na oposição e tem um pé no memorando da troika" e esclareceu:

"Temos verificado que relativamente a muitas propostas que temos apresentado no sentido da convergência e da ação comum, o PS tende a fugir da esquerda. Isso não é bom para resolver os problemas do país, não é bom para superar a crise política em que o país se encontra".

Segundo o jornal “Diário de Notícias” do Funchal, o coordenador nacional do Bloco de Esquerda pronunciou-se também sobre a situação política e social na Madeira e sobre a Lei de Finanças Regionais.

"O Bloco de Esquerda subscreveu o Pacto para a Democracia. É um pacto em que o Bloco de Esquerda está com muitos outros partidos. Não estamos arrependidos e esperamos que dessa convergência possa resultar uma candidatura que tenha possibilidades de disputar a Câmara Municipal do Funchal. Isso seria muito importante num período em que é evidente que o jardinismo está no seu estertor, está nos seus últimos dias", frisou João Semedo, que censurou a falta de coerência do CDS, que "por oportunismo entrou no Pacto e também por oportunismo acabou por sair do Pacto".

João Semedo criticou também duramente a proposta de revisão da Lei de Finanças Regionais apresentada pelo Governo PSD/CDS, considerando que "é mais um instrumento de que o governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas recorre para, em nome da redução da despesa pública, continuar uma obra de destruição do poder local democrático e das autonomias regionais". "Nós somos uma voz coerente, combativa e determinada na denúncia do jardinismo e do despesismo que caracterizou a governação de Alberto João Jardim, mas nós não confundimos o combate ao despesismo inútil com a tentativa que está em curso de retirar meios financeiros e transferir menos fundos e comprometer a Autonomia Regional", realçou o coordenador nacional do Bloco.