Chipre: FMI faz novas exigências a cada meia hora

24 de março 2013 - 15:03

Acordo entre governo cipriota e a troika chegou a ser anunciado, mas foi desmentido. Representantes do Chipre queixam-se da atitude do FMI. Rússia faz saber que poderá retaliar.

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Na noite de sábado chegou a ser dado como certo um acordo entre o governo cipriota e a troika, que incluía a imposição de um imposto de 20% sobre os depósitos bancários acima de cem mil euros; mas afinal o acordo não foi fechado e as negociações prosseguem este domingo.

Um alto representante do Chipre disse à agência noticiosa CNA que as negociações não estão "nem de perto nem de longe fechadas", salientando que "a representante do FMI apresenta novas exigências a cada meia hora".

Na sexta-feira, o parlamento cipriota aprovou um conjunto de medidas que formam um “Plano B” do governo, e que incluem a criação de um Fundo Nacional de Solidariedade e uma lei para restringir as transações financeiras. Esta última medida é inédita na zona euro e pretende limitar uma fuga de capitais em larga escala do sistema bancário, assim que as instituições financeiras do país voltarem a abrir, na próxima terça-feira. A Câmara deu também luz verde a um plano de reestruturação bancária que, segundo o governo, destina-se a salvaguardar os interesses dos pequenos depositantes.

O objetivo é reunir os 5.800 milhões de euros que exige a troika como contrapartida do empréstimo de 10.000 milhões de euros.

O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, afirmou que "só restam opções difíceis" a Chipre e que é "essencial" um acordo sobre o plano de resgate financeiro no domingo, a tempo de ser aprovado pelo Eurogrupo, que reúne extraordinariamente em Bruxelas, neste domingo.

Rússia pode punir a Europa

Alexander Nekrassov, um ex-conselheiro do governo russo, disse ao diário britânico The Guardian que se for aplicado um imposto alto sobre os depósitos acima de cem mil euros, alguns russos vão sofrer uma perda muito grande. E, nesse caso, “Moscovo vai procurar formas de punir a União Europeia. Há um grande número de empresas alemãs a operar na Rússia. Pode acontecer que lhes congelem os bens, ou que estes sejam taxados. Por enquanto, o Kremlin está a adotar a política de esperar para ver.”

Recorde-se que o governo cipriota procurou chegar a um acordo com Moscovo para implementar o seu “Plano B”, mas as autoridades russas disseram que só poderiam fazer negócio com os cipriotas depois que estes fizessem acordo com Bruxelas.