"Não podemos ter um Governo eleito com um programa e a executar outro"

12 de janeiro 2013 - 20:08

Num encontro com bloquistas em Viana do Castelo, Catarina Martins voltou a defender a demissão do Governo e a realização de novas eleições "para que haja legitimidade para um programa político que sirva o que as pessoas querem".

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Foto Paulete Matos

"Não podemos ter um Governo eleito com um programa e a executar outro. Ao arrepio de quem votou no Governo e não votou nestas medidas e ao arrepio da Constituição", afirmou Catarina Martins, referindo-se às propostas que o FMI apresentou e o Governo tem acarinhado como guia para a reforma das funções sociais do Estado.

"Não estamos numa Assembleia Constituinte, estamos numa Assembleia da República que foi eleita com base numa Constituição que tem de se respeitar. Precisamos da legitimidade democrática que é discutir na sociedade as opções", acrescentou, durante uma reunião de trabalho com apoiantes do Bloco de Esquerda, em Viana do Castelo.

"Um Governo que está podre, que propõe um programa ao arrepio daquilo que propôs [nas eleições] e da Constituição, que o legitima, não pode mais ser Governo. Tem de ser demitido e temos de ir fazer as escolhas em eleições", prosseguiu a coordenadora do Bloco de Esquerda, citada pela agência Lusa.

"Essa deve ser a prioridade de todos os que defendem a dignidade do trabalho e a solidariedade", afirmou Catarina, para que das eleições saia a "legitimidade para um programa político que sirva o que as pessoas querem". Para a coordenadora do Bloco, o estudo apresentado pelo FMI "é uma arma de propaganda e chantagem" sobre os portugueses.

"Não há outra palavra: este estudo é uma mentira. O que nos querem fazer é empurrar para uma discussão que não tem sentido porque o problema do país não é o Estado social", acrescentou. Em resposta à ofensiva do FMI e do Governo, Catarina Martins defendeu a renegociação da dívida e a promoção do crescimento da economia. "Sim, queremos mudar isto, mas vamos mudar onde está o problema, porque é a carga fiscal e os juros da dívida que matam a economia. O rumo atual, com passos mais lentos ou mais rápidos, é o caminho para o precipício", rematou.

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